O estranho leito e a visão da Shakti como o poder de tudo . Algumas vezes a Deusa é mais assertiva ao estabelecer a verdade. Quando os três deuses – Brahma, Vishnu e Shiva – ficaram perplexos, na véspera da criação do universo, sobre como proceder, Ela apareceu diante deles, assentada em uma carruagem de ouro, e levou-os para uma visita aos numerosos universos que Ela havia criado. . | A Deusa colocou os três Devas em uma carruagem de ouro | Em certo instante, eles chegaram a um leito estranho e belo, cujo colchão era o Senhor Shiva. Suas quatro pernas eram Brahma, Vishnu, Shiva e Dharma. Assentada sobre ele, estava uma Senhora divina, vestindo roupas vermelhas, com guirlandas, recoberta por pasta de sândalo da mesma cor. Seus olhos eram de um vermelho escuro, e a linda mulher com lábios rubros era luminosa como o Sol nascente, bela como dez milhões de Lakshmis. Ela tinha um sorriso doce em sua face e segurava nas suas quatro mãos um laço, uma lança e dois mudras que indicavam a concessão de dádivas e a falta de medo. Nunca antes os Devas tinham visto tal forma. Bondosa, e no desabrochar da juventude, a Deusa tinha seios arredondados que eram ainda mais suaves do que botões de lótus. De repente, a Senhora de quatro braços se transformou e se revelou a eles como uma jovem com infinitos olhos, braços e pernas. Os deuses ficaram imobilizados, deslumbrados com essa visão espetacular que celebrava a supremacia da Shakti. . | O leito da Grande Deusa, com Shiva servindo de colchão, sustentado por quatro Devas | Querendo lhe prestar homenagem, os Devas então desceram da carruagem e se aproximaram da Deusa. Logo que fizeram isso, Ela os transformou em lindas jovens. Quando chegaram perto de sua forma sorridente, a Deusa olhou com afeto para as jovens deusas, e elas ficaram em torno dela, admirando-se mutuamente. Quando elas se curvaram aos seus pés, contemplaram nas unhas de seus dedos dos pés um reflexo do universo todo. . | Os três grandes Devas, transformados em mulheres | As três então cantaram hinos em sua homenagem e lhe pediram: “Nós nos esquecemos do seu mantra sagrado da criação. Para conseguirmos continuar o ciclo da criação, preservação e destruição, inicie-nos novamente em seu segredo.” A Grande Deusa lhes respondeu: “Não existe diferença nenhuma entre o Grande Deva (Purusha) e mim. É apenas para o benefício do universo que nós aparecemos como dois. Na ausência deste universo manifesto, não existe nem masculino, nem feminino, nem andrógino.” “Não existe nada neste mundo onde eu não esteja. Eu penetro em todas as substâncias, e tornando Purusha o instrumento, eu realizo todas as ações. Eu sou o frescor da água, o calor do fogo, o brilho do Sol e também os raios suaves da Lua, que são apenas manifestações do meu poder.” | A Devi, venerada por Brahma, Vishnu e Shiva | “Se for abandonado por mim, este universo se torna sem movimento. Se eu deixar Shiva, ele não será capaz de matar demônios. Um homem fraco é descrito como estando sem nenhum poder (shakti), ninguém diz que ele está sem Shiva ou sem Vishnu. Aqueles que são tímidos, temerosos, ou submissos aos seus inimigos – todos eles são descritos como desprovidos de Shakti. Ninguém diz que esse homem está desprovido de Shiva ou algo semelhante.” “Quanto à criação que vocês estão para realizar, saibam que a Shakti é sua causa. Quando vocês estiverem imbuídos por essa Shakti, vocês serão capazes de criar o universo. Vishnu, Shiva, Indra, Agni, Chandra (Lua), Surya (Sol), Yama (Morte) e todos os outros Devas são capazes de realizar suas ações apenas quando estão unidos às suas respectivas Shaktis. Esta terra, quando unida à Shakti, permanece firme e se torna capaz de sustentar todos os seres que a habitam. Se ficasse sem esse poder, ela não conseguiria sustentar nem mesmo um átomo.” (Devi Bhagavata Purana 3.6) Então ela criou de seu próprio corpo as três deusas – Sarasvati, Lakshmi e Parvati – e as ofereceu a Brahma, Vishnu e Shiva, dando a esses casais as funções de criação, preservação e destruição, respectivamente. | A fusão de Shiva e Shakti (Ardhanarishvara) | |
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