domingo, 21 de março de 2010

SRIMATI VISHNUPRIYA DEVI

.

De Jornal Hare Krsna Brasil



O Senhor Supremo tem três shaktis (potências) internas diferentes: Sri, Bhu e Nila. Bhu shakti apareceu como SRIMATI VISHNUPRIYA DEVI na Gaura lila para auxiliar o movimento de sankirtana de Sri Chaitanya. O Rei de Satrajit, pai de Satyabhama na Krishna lila, apareceu na Gauranga lila como o brahmana Sanatana Mishra, pai de Vishnuprya Devi.

Srimati Vishnuprya Devi transbordava todas as boas qualidades. Sua beleza sobrepujava a da deusa da fortuna. Era devotada a seus pais e seguia as injunções escriturais obedientemente. Regularmente ela adorava Tulasi Devi, e observava votos de austeridades tais como tomar banho três vezes por dia no Ganges.

Sempre que encontrava com Saci Mata no Ganges, Vishnupriya se curvava humildemente aos pés dela. Saci Devi freqüentemente pensava que a bela e casta Vishnupriya daria uma noiva ideal para seu filho Nimai. Depois que Lakshmipriya Devi, primeira esposa do Senhor Chaitanya, “morreu em separação do Senhor,” Nimai Pandit casou com Srimati Vishnupriya Devi. O Chaitanya Mangala e Chaitanya Bhagavata dão elaboradas descrições deste casamento dos mais auspiciosos.

Buddhimanta Khan, um rico proprietário de terras, arcou com todas despesas do opulento e régio casamento do Casal Divino, Vishnupriya e Sri Nimai Pandit. Toda as pessoas de Navadvipa e das aldeias circumvizinhas vieram para o casamento. Durante a cerimônia todos olhos se voltaram para o Casal Divino, como que para devotar a beleza ímpar de Vishnupriya e Nimai Pandit.

Os Vaisnavas cantavam as glórias de Hari. Os brahmanas fizeram um círculo em torno do Senhor e cantaram os Vedas. Um mar de júbilo inundou as quatro direções. Aqueles que não se afogaram simplesmente flutuavam em bem-aventurança. Além do casamento, Vrindavana Dasa Thakura não elabora sobre os passatempos de Vishnupriya.

No Chaitanya Mangala, Lochana Dasa Thakura conta passatempos não mencionados em mais nenhum lugar. Ele narra a última conversa, especialmente tocante, que o Senhor Gauranga teve com Vishnupriya Devi na noite antes que Ele tomasse sannyasa:

“Numa voz embargada de emoção, Vishnupriya disse: “Diga-me, ó Prananatha (Senhor da minha vida), é verdade o rumor que ouvi de que irás tomar sannyasa e deixar-me? Se eu perder Tua associação então bem que posso acabar com minha vida bebendo veneno.”

Respondendo com misericordiosas palavras gentis, Sri Gaura Raya disse: “Vishnupriya, Me és tão cara quanto a própria vida. Não há necessidade de ficares preocupada. Por favor ouça o que estou pra te dizer, pois isso irá te ajudar. A única verdade nesse mundo é Bhagavan e os Vaisnavas. Tudo o mais é ilusão. Pais, mães, filhos, relacionamentos entre homens e mulheres são todos ilusórios. Krishna é o senhor, o verdadeiro marido de todos. Não lamente, não fique preocupada; teu nome é Vishnupriya. Portanto, realize o real significado de Vishnupriya e sempre pense em Krishna dentro de teu coração.”

Então Sri Gaurasundara mostrou Sua forma de quatro braços, a qual ajudou Vishnupriya a entender Sua posição absoluta. Ao ver isso, a dor e tristeza de Vishnupriya foram vencidas. Ela se sentiu bem-aventurada. Esta visão e as instruções de Mahaprabhu removeram seu atordoamento. Porém ela manteve a mentalidade de tomar o Senhor por seu marido.

Gemendo, chorando e caindo aos pés de lótus do Senhor Chaitanya, ela disse: “Suplico-Te que aceites minha humilde submissão. Tu és o mais querido Senhor de minha vida, minha única fortuna. Sem Ti, sem Teu serviço não tenho nada.”

O Senhor Gauranga abraçou Vishnupriya com Seus olhos. Ele deu misericórdia a ela com estas palavras: “Vou viajar aqui e acolá. Mas onde quer que Eu vá, sempre permanecerei onde você estiver.”

Compreendendo a natureza supremamente independente do Senhor Gaura, Vishnupriya disse: “Deves fazer o que Te faz feliz, Meu Senhor. Que ninguém seja um obstáculo à Tua divina missão.” (Chaitanya Mangala)

Depois que Sri Nimai Pandit deixou Navadvipa, Vishnupriya adotou uma vida austera e devotada. Ela ficou tão delgada quanto a lua crescente antes da lua nova (Amavasya). Seguindo uma rígida prática espiritual (sadhana), ela separava um grão de arroz para cada volta de Hare Krishna que cantava em seu rosário (japa). De noite, Vishnupriya cozinhava esses grãos, oferecia-os para sua Deidade pessoal de Mahaprabhu, e honrava os restos. Atualmente conhecida como Dhamesvara Mahaprabhu, a vistosa Deidade de Sri Gauranga Mahaprabhu reside na cidade de Navadvipa. Sriman Mahaprabhu recebe adoração regular e dá ilimitada misericódia.”.


Agradecimentos especiais ao Jaya Gokula prabhu e seu grupo de Suzano
que gentilmente nos deu uma cópia dessas maravilhosas biografias.
fonte :
http://www.radioharekrishna.com/Vishnu_priya_devi_dasi_Lakshmi_deusa_da_fortuna_Biografia.htm

Without Radharani Krishna is ZERO

Without Radharani, Krishna is Zero


(A Room Conversation), Singapore, March 3, 2002



Tridandiswami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja




[Devotee:] Yesterday you quoted your Guru Maharaja saying that without Radharani, Krsna is zero; He's nirvisesa-brahma. We've heard that so many times from you also.* [see extra notes below] Parampujyapada Srila Vaman Maharaja also wrote that, and a translation of his article was printed in the last Harmonist magazine. But in Jaiva Dharma it says that Krsna has something that's not the work of sakti; His sva-tantrata and His sva-icchamayita. He has independence and free will or desire. You said that I should show it to you.

[Jaiva Dharma, Chapter 14, page 350:
"Vrajanatha: '.the spiritual world, the spiritual body, and the spiritual pastimes are also indications of sakti alone. Then what is the indication of saktiman Krsna?'
"Babaji: '.I agree that Krsna's name, form, qualities, and pastimes all indicate the function of sakti. However, freedom (sva-tantrata) and free will (sva-icchamayata) are not the work of sakti; they are both intrinsic qualities of the Supreme Person, and Krsna is that Supreme Person who has free will and is the abode of sakti. Sakti is the enjoyed and Krsna is the enjoyer; sakti is dependent but Krsna is independent; sakti surrounds that independent Supreme Person on all sides, but He is always conscious of sakti.']

[Srila Narayana Maharaja:] Not the English. Bring the Hindi.

[Devotee shows Srila Maharaja the Hindi]

[Srila Narayana Maharaja:] Yes, it is written there that without sakti He is like zero. Here it is written that without the help of sakti, a baddha-jiva (conditioned soul) cannot have any idea of that sakti. When a person will love Him, when he will have rati or bhava, then he can understand something.

[Devotee:] When you say that without sakti.

[Srila Narayana Maharaja:] This is the thing. Even though Krsna is there, if there is no potency, then He will be cipher, zero. He will be nirvisesa-brahma.

[Devotee:] Then why does Jaiva Dharma say that Krsna has free will that's not the work of sakti?

[Srila Narayana Maharaja:] Even though Krsna has freedom and desire, the baddha-jiva will see Him as nirvisesa. Visesa means that He has qualities, shape, form and other things, but these are coming from sakti.

[Devotee:] It says here, "Even though Krsna is separate from sakti, He is savisesa."

[Srila Narayana Maharaja:] He is never separate, but for logic Bhaktivinoda Thakura is telling so. Don't use your intelligence. Always take the intelligence of Srila Bhaktivinoda Thakura, Rupa Gosvami, and our acaryas; then we can understand. What is this called?

[Devotee:] Anugatya (being under the guidance of the guru-parampara)?

[Srila Narayana Maharaja:] Guru-parampara amnaya. Use amnaya. Don't use your own intelligence. Try to realize what is amnaya (the teachings of the Vedas received through guru-parampara).

[Devotee:] Can Krsna desire without His sakti? Does He have the power to desire?

[Srila Narayana Maharaja:] He can desire, but this is the thing: Desire has no shape, no qualities; nothing. So it beyond sakti.


Advisory: Pundarika dasa
Transcriber: Radhika dasi
Editor: Syamarani dasi


[* Extra notes -
One of the many interesting examples took place on Vraja Mandala parikrama in 1993:
Devotee: You say that without Radharani, Krsna is nirvisesa-brahma; but Krsna has his own form without Her help, doesn't He?
Srila Narayana Maharaja: A stone has form, but it has no qualities.]



A transcript of words spoken by Om Vishnupad 108 Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj.

Put to video :-)

Shakti -Fem Power



In our religion feminine energy rules the world! Ladies if you have low self esteem, you need to do something good, something Godly, some service. It is the nature of the feminine gender to serve. If you are not serving God, you will serve fraud. SERVICE TO GOD WILL MAKE YOU FULLFILL YOUR GREATEST POTENTIAL. IT IS YOUR DESTINY!!!

As muitas lendas de Shakti

Autor: Nitin Kumar
.
Uma vez, o grande guru Shankaracharya foi a Kashmir, desejando entrar em discussão com os Shaktas, seguidores da Deusa (Shakti). No entanto, logo que chegou ao local, foi imobilizado por um acesso muito forte de disenteria. Foi afetado de forma tão grave, que ficou incapaz de se levantar do leito, e até perdeu o poder de falar.
Pouco depois, uma garota com doze anos de idade chegou perto dele e sussurrou em seu ouvido: “Ó Shankara, você pensa que pode negar o culto da Shakti?”
Sentindo-se incapaz, Shakaracharya disse: “Devi, eu vim aqui com esse objetivo, mas neste instante eu me sinto sem nenhum poder (shakti). Quando eu ganhar novamente o poder de falar, então eu serei capaz de fazer isso. Se esse poder, eu não posso fazer nada.”
A garota encantadora lhe respondeu assim: “Ó reverendo mestre (acharya), se você mesmo não consegue se mover uma só polegada sem seu poder (shakti), como você poderá refutar o culto da Shakti? Ó sábio, saiba que eu sou a Shakti de Shiva – o Poder Supremo que ativa este mundo. Como você quer me negar, se é movido por minha própria energia?”
Com sua mente agora equilibrada, Shankaracharya fez uma reverência para a Deusa, e logo depois de se recuperar, deixou Kashmir.
.
Kali
Shankaracharya
O risco de ignorar a Shakti
É tão difícil nos distinguirmos de nossa Shakti, que muitas vezes temos a tendência de considerá-la como algo que nos pertence, com sinistras conseqüências. O Devi Bhagavata Purana, um texto primário que fala sobre a Deusa, descreve um episódio no qual os grandes Devas Shiva e Vishnu foram atacados por um poderoso exército de demônios (Asuras). Apenas depois de batalhar com eles durante muito tempo, eles foram capazes de vencer as forças malignas. Embora a vitória tenha sido devida a seus respectivos poderes (shaktis), eles ficaram vaidosos e pensaram que fosse uma vitória individual deles próprios, chegando ao ponto de se vangloriar de suas proezas diante de suas respectivas companheiras. As duas deusas, Parvati e Lakshimi, acharam a situação cômica e riram da ingenuidade deles. Então os deuses ficaram com raiva e se dirigiram às suas esposas de um modo rude. Imediatamente elas desapareceram de perto deles.
Logo que isso aconteceu, o universo mergulhou em um tumulto. Sem os seus poderes, os dois deuses ficaram sem brilho e caíram em um estado sem vitalidade. Só depois que realizaram um penoso sacrifício, a Grande Deusa (Shakti) ficou satisfeita e devolveu seu poder a eles, dizendo: “O insulto que vocês fizeram às minhas manifestações levou a esse estado calamitoso. Um crime como este nunca mais deve ser cometido.” Então Shiva e Vishnu, agora livres de vaidade, adquiriram novamente suas naturezas anteriores, e então foram capazes de realizar suas funções como antes.” (Devi Bhagavata Purana 7.29.25-45)
.
The Gods Mollify the  Goddess
Os Devas homenageando a Deusa
Shakti – o poder do fogo
Há outro texto que descreve que, depois da criação dos seres terrestres e celestes, houve uma dúvida sobre como estes últimos poderiam se sustentar. As criaturas da terra podiam se alimentar com aquilo que estava disponível lá, mas ainda não havia sido previsto nenhum alimento para os Devas. Brahma, o criador, estabeleceu então que as oferendas derramadas no fogo do sacrifício (na terra) seriam o alimento dos Devas. Para isso, eles cultuaram a Grande Deusa, que apareceu diante deles sob a forma da deusa Svaha.
Os Devas reunidos então se dirigiram a ela assim: “O Deusa, que você própria se torne o poder de queimar do fogo, o qual não é capaz de queimar nada sem você. Ao fim de qualquer mantra, aquele que chamar o seu nome (Svaha) e derramar oferendas sobre o fogo, fará com que essas oferendas vão diretamente para os Devas. Mãe, permita que você mesma, que é a fonte de toda prosperidade, reine sobre tudo como a Senhora do lar do Fogo (Agni).
Depois Agni, o Deva do fogo, aproximou-se dela com temor e a adorou como Mãe do Universo. Então, com os cantos dos mantras sagrados, eles se uniram pelos nós do matrimônio sagrado. Acredita-se que, a partir de então, quem derrama libações no fogo do sacrifício acompanhadas pelo nome sagrado Svaha tem todos os seus sonhos satisfeitos, imediatamente. (Devi Bhagavata Purana 9:43)
.
Agni - The Sacred Fire
Agni, o Deva do Fogo
Shakti – o poder dos Devas
A Kena Upanishad, um importante texto da filosofia da Índia, narra uma história mais profunda, na qual os deuses, depois de derrotar os demônios, se encheram de vaidade. O Ser mais elevado (Brahman), aquela entidade sem forma que ultrapassa qualquer gênero, percebeu sua loucura e revelou a si próprio diante de seus olhos, para dar-lhes a oportunidade de se arrependerem. No entanto, cegos pelo véu do egoísmo, os Devas foram incapazes de compreender a visão que lhes foi revelada.
Primeiramente Agni, o deva do fogo, foi encarregado pelos Devas de questionar quem era o ser divino que estava diante deles. Quando Agni se aproximou do Grande Ser (Brahman), este lhe perguntou qual o poder que ele possuía. A resposta foi: “Eu posso queimar todo o universo”. Então o Brahman que havia se manifestado colocou entre eles uma folha de grama e lhe pediu que a queimasse. Usando todo o seu poder, o fogo tentou ao máximo incendiar a folhinha, mas não conseguiu. Sem conseguir reconhecer Brahman, ele retornou derrotado aos outros Devas que esperavam.
Em seguida veio o deus do vento, Vayu. Ele também se vangloriou, dizendo que era capaz de carregar qualquer coisa, com seu grande poder. Confrontado com a pequena folha, ele também falhou e se retirou.
Então foi a vez de Indra, o rei dos deuses, de se aproximar do Grande Ser. No entanto, quando ele tentou fazê-lo, Brahman desapareceu, e surgiu no céu a linda deusa Uma, também conhecida como Parvati. (Kena Upanishad 3.1-12)
Agni Tries to Burn  the Twig
Agni tenta queimar a folha

The Wind Attempts  to Blow Away the Twig
Vayu tenta soprar a folha

O Devi Bhagavata Purana descreve a forma física desta deusa:
Ela era uma virgem que desabrochava com o frescor da juventude, e o brilho de seu corpo era como o do Sol que surge no horizonte. Brilhando sobre o topo de sua cabeça estava o crescente da Lua. Ela segurava um laço e um aguilhão em duas de suas mãos, e as outras duas mãos mostravam os gestos (mudras) de concessão de dádivas (varada) e de ausência de medo (abhaya), respectivamente.
Seu corpo, enfeitado com vários ornamentos, parecia auspicioso e adorável. Ela era como a árvore que concede todos os desejos (Kalpa Vriksha). Com três olhos, sua face tinha a beleza de dez milhões de deusas do amor (Kamadeva).
Sua roupa era vermelha e seu corpo estava coberto com pasta de sândalo. Ela era a causa de todas as causas, e a incorporação da compaixão (karuna-murti)
Quando Indra a viu, os pelos do seu corpo se eriçaram com êxtase. Seus olhos se encheram de lágrimas de amor e profunda devoção, e imediatamente ele se prostrou aos pés da Deusa, cantando hinos em seu louvor. (Devi Bhagavata Purana 12.8.52-60)
Então a Deusa instruiu Indra sobre a essência da Realidade Suprema, enfatizando que foi o poder de Brahman, manifesto nela própria, que tinha sido responsável pela vitória sobre os demônios, e que os deuses eram apenas instrumentos em um projeto superior.
The Highest Shakti  (Shrimad Devi Bhagavatam, Book Twelve, Chapter 8)
A Shakti suprema
.

Devi Devas

Autor: Nitin Kumar

O estranho leito e a visão da Shakti como o poder de tudo
.
Algumas vezes a Deusa é mais assertiva ao estabelecer a verdade. Quando os três deuses – Brahma, Vishnu e Shiva – ficaram perplexos, na véspera da criação do universo, sobre como proceder, Ela apareceu diante deles, assentada em uma carruagem de ouro, e levou-os para uma visita aos numerosos universos que Ela havia criado.
.
The  Goddess Seats the Trinity in a Golden Chariot
A Deusa colocou os três Devas em uma carruagem de ouro
Em certo instante, eles chegaram a um leito estranho e belo, cujo colchão era o Senhor Shiva. Suas quatro pernas eram Brahma, Vishnu, Shiva e Dharma. Assentada sobre ele, estava uma Senhora divina, vestindo roupas vermelhas, com guirlandas, recoberta por pasta de sândalo da mesma cor. Seus olhos eram de um vermelho escuro, e a linda mulher com lábios rubros era luminosa como o Sol nascente, bela como dez milhões de Lakshmis. Ela tinha um sorriso doce em sua face e segurava nas suas quatro mãos um laço, uma lança e dois mudras que indicavam a concessão de dádivas e a falta de medo. Nunca antes os Devas tinham visto tal forma. Bondosa, e no desabrochar da juventude, a Deusa tinha seios arredondados que eram ainda mais suaves do que botões de lótus.
De repente, a Senhora de quatro braços se transformou e se revelou a eles como uma jovem com infinitos olhos, braços e pernas. Os deuses ficaram imobilizados, deslumbrados com essa visão espetacular que celebrava a supremacia da Shakti.
.
The Great Goddess
O leito da Grande Deusa, com Shiva servindo de colchão, sustentado por quatro Devas
Querendo lhe prestar homenagem, os Devas então desceram da carruagem e se aproximaram da Deusa. Logo que fizeram isso, Ela os transformou em lindas jovens. Quando chegaram perto de sua forma sorridente, a Deusa olhou com afeto para as jovens deusas, e elas ficaram em torno dela, admirando-se mutuamente. Quando elas se curvaram aos seus pés, contemplaram nas unhas de seus dedos dos pés um reflexo do universo todo.
.
The Three  Gods, Transformed into Females, Venerate theGoddess
Os três grandes Devas, transformados em mulheres
As três então cantaram hinos em sua homenagem e lhe pediram: “Nós nos esquecemos do seu mantra sagrado da criação. Para conseguirmos continuar o ciclo da criação, preservação e destruição, inicie-nos novamente em seu segredo.”
A Grande Deusa lhes respondeu:
“Não existe diferença nenhuma entre o Grande Deva (Purusha) e mim. É apenas para o benefício do universo que nós aparecemos como dois. Na ausência deste universo manifesto, não existe nem masculino, nem feminino, nem andrógino.”
“Não existe nada neste mundo onde eu não esteja. Eu penetro em todas as substâncias, e tornando Purusha o instrumento, eu realizo todas as ações. Eu sou o frescor da água, o calor do fogo, o brilho do Sol e também os raios suaves da Lua, que são apenas manifestações do meu poder.”
The Devi is Venerated  by Brahma, Vishnu and Shiva
A Devi, venerada por Brahma, Vishnu e Shiva
“Se for abandonado por mim, este universo se torna sem movimento. Se eu deixar Shiva, ele não será capaz de matar demônios. Um homem fraco é descrito como estando sem nenhum poder (shakti), ninguém diz que ele está sem Shiva ou sem Vishnu. Aqueles que são tímidos, temerosos, ou submissos aos seus inimigos – todos eles são descritos como desprovidos de Shakti. Ninguém diz que esse homem está desprovido de Shiva ou algo semelhante.”
“Quanto à criação que vocês estão para realizar, saibam que a Shakti é sua causa. Quando vocês estiverem imbuídos por essa Shakti, vocês serão capazes de criar o universo. Vishnu, Shiva, Indra, Agni, Chandra (Lua), Surya (Sol), Yama (Morte) e todos os outros Devas são capazes de realizar suas ações apenas quando estão unidos às suas respectivas Shaktis. Esta terra, quando unida à Shakti, permanece firme e se torna capaz de sustentar todos os seres que a habitam. Se ficasse sem esse poder, ela não conseguiria sustentar nem mesmo um átomo.” (Devi Bhagavata Purana 3.6)
Então ela criou de seu próprio corpo as três deusas – Sarasvati, Lakshmi e Parvati – e as ofereceu a Brahma, Vishnu e Shiva, dando a esses casais as funções de criação, preservação e destruição, respectivamente.
Shiva and Shakti
A fusão de Shiva e Shakti (Ardhanarishvara)
.

“Shakti do lar”

O poder no lar – a estranha história da Devi Tulsi
.
Um caso esclarecedor é do demônio chamado Shankhachuda, que derrotou na batalha até mesmo o poderoso exército de Shiva, que era liderado pela sua própria esposa, a grande Kali, e por seu filho Karttikeya.
Intrigado, Shiva conversou com Vishnu sobre a aparente infalibilidade do demônio. Eles chegaram à conclusão de que seu poder invencível vinha da devoção e castidade inabalável de sua amorosa esposa, Tulsi.
Então Vishnu, tomando a forma de Shankhachuda, se aproximou da inocente Tulsi, a qual, supondo que ele fosse seu marido, o recebeu em seus braços com grande alegria. Vishnu, o grande senhor do universo, então partilhou de seu leito e se uniu fisicamente a ela. Mas a esposa casta, percebendo que desta vez sua experiência era muito diferente daquela que costumava ter antes, brigou consigo mesma o tempo todo e por fim o interrogou: “Ó mago! Quem é você? Lançando sobre mim sua magia, você se aproveitou de mim. Como você roubou minha castidade, eu o amaldiçoarei.”

Shankhachuda, antes de lutar,
se inclina diante de
Shiva, Kali and Karttikeya
O Senhor, temendo a maldição de uma mulher pura, retomou sua forma original. Vendo sua forma divina, Tulsi desmaiou. Quando retomou sua consciência, ela maldisse Vishnu: “Senhor sem piedade, seu coração é tão duro quanto uma pedra, então que você também se transforme em uma pedra.”
Assim, por causa desta maldição, Vishnu se manifesta em uma pedra conhecida como Shaligrama, encontrada apenas nas margens do rio Gandaki, no Nepal. Lá, com dentes minúsculos, milhões de insetos gravam círculos de tortura neste corpo de pedra, esculpindo esculturas estranhas e sagradas. Os pedaços que caem no rio são considerados os mais auspiciosos. Assim o Senhor recebeu a angústia de Tulsi, por ser separada de seu marido.
Shaligrama
Shaligrama
Antes de deixá-la, no entanto, Vishnu não se esqueceu de abençoar a senhora virtuosa, que por sua castidade e caráter sem mácula havia atuado como o poder oculto, protegendo seu marido. O Senhor a saudou, dizendo: “Seus cabelos se transformarão em árvores sagradas, as quais, nascendo de você, serão conhecidas pelo nome de Tulsi. O mundo todo realizará seus rituais com as folhas e flores da árvore Tulsi. Portanto, ó mulher de grande beleza, você será considerada a mais importante dentre todas as vegetações. Todas as peregrinações levarão aos pés da árvore Tulsi, onde eu e todas as outras divindades nos assentaremos, esperando ser abençoados por uma folha que cai.”
Até hoje, essa planta auspiciosa ocupa um lugar de honra nos lares dos devotos, como símbolo arquetípico de nossa “Shakti do lar”, venerada por inúmeras mulheres modernas que ainda seguem os padrões gloriosos estabelecidos por Tulsi.
O Devi Bhagavata Purana, comentando sobre o conceito de Shakti, afirma verdadeiramente:
“Ela é a Lakshmi celestial (Svargalakshmi), que reside nos céus, a Lakshmi real (Rajalakshmi) nos palácios dos reis, e nas famílias comuns do mundo, ela é a Lakshmi dos lares (Grihalakshmi).” (Devi Bhagavata Purana 9.1.26)
Offering Water to  Tulsi
Oferenda à planta Tulsi

Referências e leituras adicionais

• Date, V. H. Upanisads Retold (2 Volumes) New Delhi, 1999.
Kenopanishad (With the Commentary of Shri Shankaracharya): Gorakhpur, 2000
• Menon, Ramesh. The Devi Bhagavatam Retold New Delhi, 2006.
• Goswami, Chimmanlal and Hanumanprasad Poddar (eds.). Shrimad Devi Bhagavatam (Hindi): Gorakhpur, 2005.
• Pandey, Shri Pandit Ram Tej (tr.). Shrimad Devi Bhagavatam (Hindi): Delhi, 2004
• Poddar, Hanumanprasad. Shakti Anka (Special Issue of the Spiritual Magazine Kalyan): Gorakhpur, 2002.
• Sarma, Dr. S.A. Kena Upanishad: A Study from Sakta Perspective. Mumbai, 2001.
• Sivananda, Swami. Lord Siva and His Worship Shivanandanagar, 2004.
• Vijnanananda, Swami (tr.). The Srimad Devi Bhagavatam (English) New Delhi, 1998.
FONTE:

O original deste artigo, em inglês (From Heaven to Household: The Many Tales of Shakti. Article of the Month – September 2006), foi escrito por Nitin Kumar e está disponível no site Exotic India, que gentilmente nos autorizou a traduzir e publicar na Internet esta tradução para o português.

http://www.exoticindia.com/article/sakti

O texto completo em português deste artigo, em formato PDF, com as imagens, pode ser obtido neste link: Shakti.pdf

Shakti - Devi

A Grande Deusa (Maha Devi)

No pensamento indiano existem muitos seres divinos (Devas), masculinos e femininos; e um Ser Absoluto (neutro), que é Brahman. Todas as divindades, como Brahma, Vishnu e Shiva, são manifestações de Brahman, não são independentes dele. Brahman está além da compreensão conceitual e racional, mas é descrito como tendo a essência da existência (Sat), da consciência (Cit) e da completude ou não-dualidade, que se manifesta como uma felicidade plena (Ananda).
De acordo com a tradição indiana, todo o universo e todos os seres são também uma manifestação de Brahman. Existem períodos em que o universo é criado, se mantém durante um certo tempo, depois é destruído – e todos os Devas também desaparecem. Quando isso ocorre, resta apenas Brahman, indiferenciado, e nada acontece. É como se tudo estivesse adormecido – é a noite cósmica, ou noite de Brahman. Depois, Brahman se manifesta, o universo começa a surgir novamente, iniciando-se um novo ciclo cósmico. Brahma (um Deva masculino) é quem atua criando o universo, depois Vishnu é quem o mantém ou sustenta, e Shiva o destruirá.

Segundo uma das tradições indianas (no Tantra), existe uma Deusa (Devi) que está acima de todos os Deuses. Ela é chamada de Maha Devi (a Grande Deusa), ou Shakti (a Poderosa). Sua característica principal, como o seu próprio nome diz, é o Poder. Ela é ativa, dinâmica, é considerada como a energia que move todo o universo (inclusive os Devas). Em comparação com ela, os Devas são inertes, inativos, passivos. Nessa visão, temos um conceito exatamente oposto ao que se desenvolveu no ocidente (e em outros lugares, como a China), segundo o qual a energia ou atividade seria uma característica masculina e a receptividade ou passividade seria uma característica feminina.

Podemos encontrar alguns aspectos dessa concepção básica indiana na filosofia Sankhya, por exemplo. De acordo com o Sankhya, existem dois princípios cósmicos fundamentais. Um deles é a consciência (Purusha), que é um princípio masculino; o outro é o poder da natureza (Prakriti), que é um princípio feminino. Purusha é passivo, Prakriti é ativa. Todo o desenvolvimento do universo ocorre apenas por causa dos poderes da Natureza. Esses poderes (gunas) são três: tamas, rajas e sattva. Tamas é o poder da inércia, da tristeza, das trevas, da morte; rajas é o poder da vitalidade, do ego, da força, do prazer e da violência; sattva é o poder da luz, da felicidade e da sabedoria. Os três Devas principais do hinduísmo (Shiva, Brahma e Vishnu) estão associados respectivamente a esses três poderes (tamas, rajas, sattva). Esses Devas são seres que só podem atuar no universo porque a Grande Deusa lhe empresta uma parte de seu Poder. Nenhum deles tem todo o poder da Shakti.
A mitologia indiana tem também muitas histórias que mostram que os Devas não são tão poderosos quanto a Shakti. Em alguns mitos, um demônio (Asura) muito poderoso vence todos os Devas (masculinos) e eles vão então pedir ajuda à Grande Deusa, que assume uma de suas formas mais terríveis (como Durga ou Kali) e destrói todos os demônios.
A Shakti, ou Maha Devi, é o poder feminino absoluto. Há, no entanto, muitas deusas (Devis) diferentes. Cada um dos Devas, por exemplo, tem sua companheira (sua Shakti), sem a qual ele é incompleto. A Shakti de Brahma é Sarasvati, a de Vishnu é Lakshmi, a de Shiva é Parvati. Essas Devis são manifestações ou aspectos parciais, limitados, da Grande Deusa. No entanto, muitas vezes se identifica Parvati com a própria Shakti.
Embora Shiva seja um Deva muito poderoso, ele não é nada, comparado com a Shakti. Ela é ativa, ela tem todos os poderes, ele não tem nenhum poder sem ela. Por isso, muitas vezes ele é representado como um cadáver acima do qual Shakti dança, ou com o qual ela tem relações sexuais.
Enquanto Shiva e Shakti estão separados, o universo é dinâmico, ele se transforma, está ativo. Quando Shiva e Shakti se unem e se fundem em uma unidade, toda multiplicidade desaparece, o tempo pára.
Shakti, o poder feminino, está presente, de acordo com o Tantra, em todas as coisas e todos os seres do universo – mas de forma muito mais forte e significativa nas mulheres. Da mesma forma, Shiva, seu complemento masculino, está presente também em todos os seres, mas especialmente nos homens.

Manifestações da Shakti
Vamos apresentar a seguir algumas das principais Devis, ou manifestações da Grande Deusa:

Sarasvati é a Deusa associada ao conhecimento, à música e às artes. Ela é a companheira de Brahma, o Deva responsável pela criação do universo. Juntamente com Lakshmi e Parvati, formam a trindade de Deusas (Tridevi). É geralmente representada com roupas brancas (às vezes amarelas), sendo associada a um cisne ou a um pavão. É identificada, muitas vezes, com deusas que aparecem nos textos indianos mais antigos (Vedas): Vak (a Palavra), Savitri ou Gayatri (nome da oração mais sagrada dos Vedas). É a Deusa asssciada à sabedoria sagrada, e por isso se diz que os Vedas são seus filhos. Seu nome quer dizer, literalmente, "aquela que flui", e estava associada a um rio, na mitologia antiga. Muitas imagens de Sarasvati a representam com quatro braços, em um dos quais segura um livro (os Vedas), em outra um rosário indiano (mala) com contas de cristal, representando meditação e espiritualidade, em outro um pote com água sagrada, representando purificação, e por fim um instrumento musical de cordas (Vina) que representa a perfeição nas artes.

O nome Gayatri representa um tipo especial de métrica utilizada nos Vedas. Muitos hinos dos Vedas utilizam essa métrica, mas há um hino em especial que é chamado Gayatri Mantra. A deusa Gayatri é uma forma de Sarasvati, associada aos Vedas, uma representação feminina de Brahma. Ela costuma ser representada sentada sobre um lótus vermelho, com cinco cabeças.

Lakshmi é uma deusa associada à riqueza, à prosperidade e à generosidade, protegendo seus devotos de problemas financeiros. Também está associada à beleza e encanto. É também chamada de Shri. Ela é a companheira de Vishnu, e tem diferentes nomes quando se casa com as diferentes encarnações (avataras) de Vishnu. Assim, ela é Sita, companheira de Rama, e Rukmini, esposa de Krishna. Com o nome de Mahalakshmi, ela é identificada à Shakti, ou Grande Deusa. Dois de seus aspectos são Bhudevi (a Deusa da Terra) e Shridevi (a Deusa luminosa), que são os aspectos complementares das forças da Natureza (Prakriti). Ela é representada em imagens que mostram uma linda mulher, com quatro braços, sobre um lótus, com bonitas roupas e jóias, distribuindo moedas (significando prosperidade) e acompanhada por elefantes que indicam seu poder real. O lótus representa perfeição espiritual e pureza.

Radha é a principal companheira de Krishna, em muitos textos tradicionais. Ela é considerada a Shakti de Krishna e, algumas vezes, é identificada com a Grande Deusa. Assim como Shiva e Parvati, juntos, constituem o Absoluto, há uma tradição que considera que Radha e Krishna juntos constituem a Realidade Absoluta. Às vezes se descreve Radha como tendo se tornado uma esposa de Krishna, às vezes sua relação é descrita como um "amor eterno" (parakiya-rasa). O amor entre Radha e Krishna tem um significado esotérico, representando um amor divino e não mundano.

Parvati é a deusa associada a Shiva. Ela é considerada uma representação da Shakti, ou Grande Deusa, especialmente nos seus aspectos de Mãe divina. As outras Devis são consideradas como suas filhas ou manifestações. Os devotos da Shakti a consideram como a Shakti suprema, incorporando toda a energia do universo. Embora seja apresentada como uma divindade benigna, Parvati também tem aspectos terríveis, como Durga, Kali, Chandi. Ela também tem dez aspectos complementares, as Mahavidyas. Suas formas benevolentes são Mahagauri, Shailputri e Lalita. O nome Parvati significa "a das montanhas", pois é considerada filha do Senhor das Montanhas (Himavan). Ela tem muitos outros nomes, como Gauri (a dourada), Ambika (a mãe), Bhairavi (a terrível), Kali (a negra), Uma, Lalita, etc. Na mitologia, Parvati tem dois filhos, Ganesha e Skanda, mas na tradição Shakta ela é a mãe de todos os Devas e Devis. O veículo (vahana) de Parvati é um leão ou tigre. A união de Shiva com Parvati é considerada como equivalente ao Absoluto, ou Brahman.

O nome Durga significa "a invencível" ou "a inatingível". Ela é uma forma da Shakti invocada para superar situações de dificuldade e sofrimento. É uma forma guerreira de Parvati. É representada com dez braços, e seu veículo é um tigre ou um leão. Ela é considerada um poder auto-suficiente (svatantrya). Pode ser considerada como uma forma de Kali, embora suas aparências sejam distintas: Kali é negra, Durga é branca e radiante. Kali tem uma aparência horrível e é representada com símbolos associados à morte, Durga é linda e tem belos ornamentos de ouro, pérolas e pedras preciosas. Durga é uma representação da Shakti, e por isso é descrita como possuindo todos os poderes de todos os Devas. Na mitologia, ela surge para combater um demônio invencível, Mahishasura.
Kali, também conhecida como Kalika, é uma Devi associada à morte e à destruição. Seu nome significa "a Negra", mas também está associado à palavra Tempo (Kala), podendo ser interpretada como o Poder do Tempo. Ela é uma forma terrível, guerreira e destruidora de Parvati, e é também a principal das Mahavidyas, as dez formas tântricas da Grande Deusa. Está associada a cadáveres, ao sangue, aos chacais e aos terreiros de cremação de corpos. Seus adornos são de cabeças humanas decepadas. Na literatura tântrica, Kali tem um papel central nos textos, nos rituais e na iconografia, sendo considerada como uma representação da Grande Deusa (Maha Devi) ou Shakti. Embora geralmente seja representada sob uma forma terrível, às vezes assume uma forma jovem e bela e seus aspectos positivos são indicados, por exemplo, na expressão Kali Ma (Mãe Kali).

Chamunda é o nome de uma forma terrível da Grande Deusa, sendo uma das sete Deusas Mães e uma das principais Yoginis (um grupo de deusas do Tantra, que acompanham Durga). O nome Chamunda é uma combinação dos nomes dos demônios Chanda e Munda, que ela destruiu numa batalha. Muitas vezes, Chamunda é identificada com Kali. Ela é cultuada com sacrifícios de animais e oferecimento de vinho. Ela é representada com uma cor negra ou vermelha, com uma guirlanda de cabeças decepadas (como Kali).

Lalita, "Aquela que Brinca", é o nome de uma forma benigna de Parvati. Ela é também chamada de Tripura Sundari, Shodashi e Rajarajeshvari. Pertence ao grupo das dez Mahavidyas. O nome Shodashi significa uma jovem com dezesseis anos, e representa dezesseis tipos de desejos. Lalita, ou Tripura Sundari, está associada ao Shri Yantra e ao Shri Mantra. O nome Tripura significa "Os Três Mundos" (Terra, Atmosfera, Céu) e Sundari significa "A Mais Atraente", ou "A Mais Bela". Assim, Tripura Sundari é a Deusa mais bela dos três mundos. Na iconografia, é sempre representada como uma linda jovem, geralmente com roupas vermelhas. O hino Lalita Sahasranama (os mil nomes de Lalita) descreve todos os seus atributos.

O nome Mahavidya vem das palavras Maha (grande) e Vidya (sabedoria, revelação, conhecimento). É um grupo de dez deusas conhecidas como Deusas da Sabedoria por revelarem aspectos auspiciosos do conhecimento da Grande Deusa. Elas são: Kali, Tara, Tripura Sundari (ou Lalita), Bhuvaneshvari, Bhairavi, Chhinnamasta, Dhumavati, Bagalamukhi, Matangi, Kamalatmika. Cada um dos nomes da Deusa possui uma vibração especial. Eles são Mantras, e entonação correta, sob a orientação de um Guru, confere realização espiritual. A forma feminina confere bênçãos ao devoto, liberando-o do mundo material e da roda de reencarnações.


Texto escrito por Roberto de A. Martins, para o site Shri Yoga Devi.

Veja também as páginas especiais sobre a Shakti e sobre Kali.